Ele fundou uma startup de logística para fazer entregas mais sustentáveis

Humberto Bahia, Fundador e CEO da Vai fácil.

A Vai Fácil atende o last mile para 15 clientes de e-commerce com MEIs e pequenas transportadoras, inclusive em áreas consideradas arriscadas por empresas do ramo

O mercado e os consumidores estão cada vez mais ligados ao ESG (sigla para Environmental, Social and Governance – ou Ambiental, Social e Governança, em português), cobrando atitudes mais sustentáveis e conscientes das empresas. Pensando em tornar a logística de entregas mais eficiente, Humberto Bahia fundou a Vai Fácil, startup que realiza o last mile do e-commerce com modais mais sustentáveis, reportando os impactos ambientais para os clientes, além de fazer entregas nas chamadas áreas de risco, que não são atendidas por outras empresas.

A startup trabalha com 10 mini hubs espalhados por Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, onde capacita novos entregadores e se conecta com pequenas transportadoras para utilizar mão de obra local e transformar a entrega em um processo mais rápido e sustentável. Os espaços são instalados a partir da demanda das empresas parceiras – a Vai Fácil realiza um estudo para avaliar quantos profissionais são necessários para atender a volumetria de pedidos em cada região, dando prioridade a modais mais sustentáveis, como a pé e de bicicleta. “Entendemos a recorrência dos clientes, a forma que consomem e estudamos as ruas e as residências para tornar as rotas mais eficientes”, explica.

Nas entregas motorizadas, os parceiros são microempreendedores ou integram pequenas transportadoras, com frota de até oito veículos elétricos ou com baixa emissão de gás carbônico. Neste caso, como as coletas e as entregas são próximas, há menos quilometragem a percorrer, o que diminui a depreciação da frota. “Não é uberização. Nossa proposta é chamar os microempreendedores para trabalhar e dar a previsibilidade de lucro para que se desenvolvam como empreendedores”, declara. Segundo Bahia, a startup paga um valor fixo por entrega. A proposta é que os motoristas rodem menos, sobrando mais dinheiro ao fim do mês.

Em quatro anos de operação, a startup já realizou mais de 3 milhões de entregas. Entre os clientes estão marcas como Americanas, Renner, Reserva, Osklen e Baw. Recentemente, a startup recebeu o certificado de Empresa B, concedido a companhias que movimentam a economia e oferecem benefícios sociais e ambientais.

O fundador conta que a Vai Fácil passou a ser procurada pelas áreas de sustentabilidade das empresas, que buscam adotar práticas mais conscientes. “Antigamente, a transportadora escolhida era a que oferecesse o melhor preço, mas nós potencializamos a relação entre as marcas e os consumidores pela logística de carbono neutro e por cuidar das pessoas. Os anseios do novo consumidor são outros, ele quer dizer o porquê de comprar daquela marca, vai além do produto, toda a cadeia é importante”, reflete.

Bahia empreende desde os 17 anos. Já teve empresas do setor de comunicação e eventos, moda e tecnologia. Ele atua no segmento de transportes no RJ desde 2010, quando fundou uma empresa de mobilidade corporativa para atender profissionais estrangeiros que vinham trabalhar em multinacionais no Brasil, cuidando da logística de transporte deles e de suas famílias. “Teríamos a Jornada Mundial da Juventude, a Copa do Mundo e a Olimpíada em um período de quatro anos. Nenhuma cidade recebeu tantos eventos dessa magnitude em tão pouco tempo. Sabia que seria a minha pós-graduação e mestrado em logística”, relembra.

Em 2016, ele deixou de transportar pessoas para focar na entrega de produtos. O empreendedor sentia que o e-commerce tinha muito espaço para crescer no Brasil e não aceitava a demora de dias para a chegada dos produtos comprados pela internet. “Eu queria montar uma inteligência de logística com tecnologia proprietária para ter um time eficiente que não apenas diminuísse o prazo de entrega, mas aumentasse o nível do serviço prestado”, conta. Ele demorou dois anos para testar a tecnologia da startup e validar o produto. No início, os clientes não acreditaram que as vendas aumentariam com a diminuição do prazo de entrega, mas Bahia conseguiu convencer as marcas de que isso traria fidelização dos consumidores.

A empresa faturou R$ 6 milhões em 2021 e projeta encerrar este ano com o faturamento entre R$ 12 milhões e R$ 14 milhões. Até o momento, a Vai Fácil trabalha com 15 clientes a partir de uma base de 1 mil motoristas ativos na plataforma. Em novembro, a startup fechou uma parceria com o projeto Carteiro Amigo, que trabalha há mais de 20 anos entregando correspondências nas favelas da Rocinha e Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, regiões desassistidas pelas empresas. A Vai Fácil vai entregar pedidos dos segmentos de vestuário, calçados, perfumaria e cosméticos. O projeto vai expandir a operação para mais 10 comunidades no próximo ano, incluindo o Complexo do Alemão.

A Vai Fácil também planeja abrir um hub em Curitiba no primeiro trimestre de 2023 e pretende seguir a expansão por Brasília, Recife e Salvador. “Já temos o convite de grandes clientes para entrar nessas praças. Demora um tempo de estudo e visitas para identificar especialistas locais que possam se unir aos nossos propósitos”, finaliza.

Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios